Hiperlocalismo e critérios de noticiabilidade no jornalismo colaborativo brasileiro

Um dos objetivos de nosso estudo sobre jornalismo colaborativo foi compreender se as iniciativas dos grandes portais brasileiros —que apresentam significativa audiência e atratividade diante do público— conseguiram abarcar a colaboração com profundidade e abrangência semelhantes às obtidas em experiências internacionais como as estudadas por Brambilla (2005) e Bruns (2005).

Para tanto, estruturamos um estudo exploratório de campo com notícias dos sites participativos de Globo.com e Terra. A primeira etapa da análise de conteúdo empreendida pela pesquisa foi classificar as notícias de acordo com área editorial a que se filiavam. Das 165 notícias analisadas, 105 abordavam temas ligados à editoria de Cidades, em que incluímos assuntos ligados ao cotidiano, como trânsito ou registros das condições do clima. Os assuntos que mais se destacaram neste grupo foram acidentes de trânsito próximos ao local de residência dos colaboradores e estragos relacionados à temporada de chuvas do final do verão brasileiro.

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Equilíbrio entre moderação e livre publicação no jornalismo colaborativo

O chamado “conteúdo do público”, ou o jornalismo colaborativo praticado nos grandes portais brasileiros obedece ao critério de apuração e checagem dos fatos, tão caro ao jornalismo? O público brasileiro já consegue exercer um “papel ativo” no processo de coleta e processamento de informações, como pregam Bowman e Willis (2003, p. 9)?

Para tentar responder a estas questões, o estudo procurou diferenciar o material publicado nos veículos colaborativos brasileiros quanto ao grau de apuração que demonstravam. Das 165 matérias avaliadas, 43% (71) foram identificadas como mero flagrante da realidade. Aqui entendemos o flagrante como um simples registro de um acontecimento em foto ou vídeo, sem informações de contextualização ou checagem de dados com fontes oficiais e/ou testemunhas, o que ocorreu em mais da metade (57%) dos casos. Neste critério de avaliação emerge uma diferença significativa entre VC Repórter e VC no G1 quando observados individualmente. No serviço do portal Terra, apenas 35% (27) das notícias foram consideradas como flagrante da realidade, contra 75% (44) do material publicado pelo site de jornalismo participativo da Globo.com.

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Jornalismo, jogos e conceitos de autoria digital

Ao prosseguir em nosso intuito de concluir o estudo apontando rumos para estudos futuros, deparamo-nos neste ponto com o estudo da autoria —mais especificamente das transformações que ela sofreu com o advento do computador e da Internet. Como o jornalista tem sua realidade transformada por elas, e como elas podem ajudá-lo?

Um breve percurso bibliográfico nos revelou nos estudos de Janet Murray em seu “Hamlet no Holodeck” alternativas para chegar a um novo paradigma para a atuação do jornalista enquanto autor que podem ser melhor exploradas em pesquisas específicas e de maior profundidade.

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Motivações para a colaboração e as raízes do Brasil

O engajamento com a produção da informação sobre a própria realidade, que leva a um aprofundamento de visão sobre si mesmo e sobre a sociedade em que está inserido, deve fundar qualquer iniciativa que deseje proclamar-se jornalismo colaborativo; e não a simples abertura de sistemas de publicação ao grande público (liberdade de publicação) ou a possibilidade de fazer parte do cenário midiático, seja comentando-o, seja corrigindo-o em plataformas da própria mídia de massa, ou em plataformas independentes.

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Colaboração online, mídia locativa e computação ubíqua

O primeiro artigo a gente nunca esquece. E eis que consegui emplacar meu primeiro, “Colaboração online, mídia locativa e computação ubíqua”. Está publicado na BOCC (Biblioteca Online de Ciências da Comunicação) e resulta de estudos inspirados pela disciplina Pensadores do Ciberespaço, da Beth Saad.

No texto, que reproduzo à seguir, falo um pouco sobre como os usuários da Internet têm se apropriado e remixado idéias com as novas ferramentas de publicação, como o Twitter, e o quanto sociedades como a brasileira podem tirar vantagem da rede para revalorizar contextos locais. Isso sem esquecer que o código também é uma forma de exercício de poder, talvez mais sutil que as antenas de TV da mídia de massa.

Boa leitura (e espero seus comentários, sugestões e pontos de vista).

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