Viés do público, imprensa cercada e infantilidade blogueira

Saiu no final de janeiro no Poynter: “o viés do público contra a imprensa é um problema mais sério para a democracia [norte-]americana que o viés (real ou perceptível) da imprensa em si”. O artigo de Roy Peter Clarck é baseado em um estudo da Universidade do Sagrado Coração, em Connecticut —e fala sobre coisas que a própria imprensa já deveria ter admitido, se conseguisse sobreviver sem o marketing.

Claro que a escolha de um editor, de um grupo de reportagem, é um viés, é um “recorte da realidade”… e, sim, acadêmicos chatos —a imparcialidade não existe. Compromisso público? Claro… mas sempre depois do compromisso empresarial. Mas, cá entre nós: é a blogosfera que vai resolver isso (hein, “monetizadores”)? É o jornalismo colaborativo que vai resolver isso?

Quando vejo cenas como essas [blogueiros sacaneando jornalistas na maioria recém-formados, que também estão ralando], registrada por um dos primeiros e únicos blogueiros, em minha visão, a atacar a imprensa de uma forma inteligente, honestamente penso que não. E passo a concordar com a visão do de Peter Clarck, apesar da truculência.

A blogosfera não está aí para “rivalizar” com a imprensa. Quem só leu a aba de “Long Tail” pode até pensar assim —mas a realidade é que o mainstream vai conviver com o conteúdo de nichos. Só fico mais aliviado quando penso que os blogueiros sérios não são galhofeiros com quem não merece. E estão mais preocupados em atender seus públicos.

Por outro lado, a imprensa está sim, cada vez mais cercada. E essa visão dos grandes veículos não-interativos, isolados em aquários, deve acabar. Jornalismo de verdade se faz na rua, e não sentadinho na redação. A questão é que custa mais do que a Publicidade está disposta a pagar, e dá mais trabalho do que, infelizmente, uma pancada de jornalista por aí é capaz de oferecer…

9 comentários sobre “Viés do público, imprensa cercada e infantilidade blogueira

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  2. Lá na notinha da sacanagem feita contra os jornalistas os comentários estão bombando. Sinal de que, de alguma maneira, os interessados em prezar por um jornalismo-verdadeiro, daqueles de ir pra rua e fazer acontecer (sem depender demasiadamente dos pitacos publicitários e sem cair no status de ‘oh, sou blogueiro e posso zuar com quem eu quiser’), estão ligados nas várias — novas — ferramentas que colaboram para o bom desempenho da profissão. O problema é: na própria academia os alunos não têm mais tanta sede por histórias que precisam ser descobertas…fica muito fácil receber um release, ou uma coordenada do professor e entrevistar o colega do corredor. “Ralar? Pra quê?”. Já isso muitas vezes.

  3. Vou mais além e cito a desagradável brincadeira de um membro do estafe do popular blog Gizmodo que, na última CES, munido de um controle-remoto universal passeou pela feira desligando todos os aparelhos de TV que transmitiam coletivas ou vídeos relativos a seus produtos.

    Insuportável, infantil, patético e… amador, como eles gostam tanto.

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