Bons de ouvir

Carl Bernstein, mito do jornalismo, ao Comunique-se: “Digo a mesma coisa há muitos anos: os jornalistas têm de ser bons de ouvir. O maior problema na profissão é que jornalistas não ouvem, não prestam atenção. Vão para uma matéria achando que já sabem o que é a matéria antes de fazer as perguntas.

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Colaboração e pequenas concessões

Tudo bem que revistas masculinas há muito tempo promovem enquetes na Web para que o leitor escolha quem será a capa do próximo mês. Mas o mundo da colaboração, que agora é moda, vai além do fetiche sexual —agora foi a vez da revista Galileu usar seu blog para uma votação sobre o tema da reportagem principal da edição de outubro.

Foram oferecidas três diferentes opções de capa. A escolhida foi “A Ciência explica a Poligamia”, escrita por Fernanda Colavitti. Segundo comunicado da assessoria de imprensa da editora, a capa escolhida obteve 39% dos votos.

Não me recordo de nenhum jornal online brasileiro fazendo isso. Será que o papel furou a Internet no quesito Web 2.0? ;)

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Arrepios nas teles (ou monopólio 2.0)

A Intel começou a desenvolver uma dobradinha entre as tecnologias sem fio Wi-Fi, já conhecida dos brasileiros que trabalham em grandes avenidas, usam aeroportos ou cafés 24 horas, e a Wi-Max, espécie de Wi-Fi turbinado com alcance de quilômetros. Segundo o Business Line, o Wi-Max deve chegar a um público de 1,3 bilhão de pessoas em 2013 —e isso nos deixa com 5 anos para que isso vire realidade.

Em uma entrevista com o Diretor de Marketing da operadora européia O2 em março último, deu para ver como o Wi-Max tira o sono de quem investiu milhões em infra-estrutura de rede. Já imaginou usar o Skype no celular e dar adeus a essas contas esdrúxulas de telefone que a gente paga todo mês para falar com alguém do outro lado do mundo, virtualmente “de graça”?

É bom ficar de olho. No Brasil, o Wi-Max continua parado na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) —a agência não quer que as operadoras (todas monopolistas no Brasil, depois do brilhante modelo de privatização do glorioso FHC) participem das licitações, para que o Wi-Max promova concorrência e baixe os preços do acesso à Internet no país. Se o Wi-Max cair nas mãos delas, veremos esse monopólio continuar, e adeus última milha!

Google Presentations e os pequenos detalhes

Tudo bem, é só mais um software online. O Google Presentations finalmente saiu. Mas aí os caras do Google pensam em algum pequeno detalhe que consegue tirar o foco da “simplicidade” de seu produto em relação, por exemplo, ao PowerPoint e fazer dele um hit, algo inovador —o Presentations tem Gtalk embutido.

Isso mesmo, você pode conversar com as pessoas que estão olhando aquela apresentação ao mesmo tempo que você (veja aqui um exemplo). E o impressionante é que não é nenhuma idéia genial. É apenas a execução de uma idéia —Deus, será que é tão difícil assim para os portais brasileiros empreender?

Avatar 2.0: seu clone independente

Perturbador o vídeo “Prometeus”, espécie de EPIC 2015 que anda circulando pelo YouTube. Produção visual bacana, narração tosca, final de gosto duvidoso. Enfim, resultado pior que o do EPIC 2015, a não ser por uma idéia —a de que seus avatares (no Orkut, Second Life, whatever.com) podem se tornar agentes inteligentes, que fazem buscas, interagem e trazem resultados para você (e sua vidinha analógica ;-) ) sem que você precise ordená-los.

Se EPIC 2015 já assombrava, Prometeus realmente faz parar para pensar. E por vários motivos.

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PowerPoint do Google

Está para chegar nos próximos dias o PowerPoint do Google, chamado “Presently”, ao menos na versão em inglês. Tudo começou em junho, quando a empresa de Brin e Page comprou a Zenter (assim como havia comprado o Writely, editor de textos online que virou o Google Docs).

Com o lançamento, o Google terá a mesma oferta de aplicações que a Microsoft com seu Office. Claro —os softs online do Google ainda são mutio mais simples que os da Microsoft. Além disso, há o risco de deixar documentos importantes em um servidor, longe de você, com implicações de privacidade (leia aqui alguns papers a respeito) e mesmo de acesso (não há contrato de nível de serviço que garanta 100% de Speedy ou Net durante o ano, certo?). Mas, o melhor de tudo, é gratuito. E isso, na Internet, costuma ter um grande apelo.

A batalha está só começando, Bil.

Folha para inglês ver

Sete anos depois que as primeiras idéias vieram à tona (o que daria, na época, seis anos de vantagem em relação ao G1), eis que a Folha Online estréia seus videocasts.

Videocast FOL

 Sem indexação alguma, os vídeos são publicados no interior das matérias, e só dá para encontrá-los no dia em que estão na homepage. Além disso, evidenciam a espécie de mediocridade a que o jornalismo brasileiro infelizmente vem se submetendo há tempos —os jornalistas não saímos mais das redações. As notícias é que vêm até nós, seja por feeds de agências, sites internacionais ou releases.

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Ecos de Weber

Esbarrei com um trecho legal do “A Sociedade em Rede”, do Manuel Castells —um belo compêndio analítico. É uma citação de Max Weber, “Ética protestante e o espírito do capitalismo”:

Weber“A moderna ordem econômica… agora está ligada às condições técnicas e econômicas da produção mecânica que, hoje, determina a vida de indivíduos nascidos neste mecanismo, não apenas aqueles diretamente preocupados com a aquisição econômica. O interesse em bens exteriores seria algo que repousa apenas nos ombros de um ‘santo, como um manto leve, que pode ser tirado a qualquer momento’. Mas quis o destino que o manto se tornasse uma gaiola de ferro… Hoje o espírito do ascetismo religioso fugiu da gaiola. Mas o capitalismo vitorioso, uma vez que se baseia em fundamentos mecânicos, não precisa mais de seu apoio. Ninguém sabe quem habitará essa gaiola no futuro, ou se no final desse enorme desenvolvimento surgirão profetas inteiramente novos, ou se haverá um grande renascimento das velhas idéias, ou —se nada disso ocorrer— uma petrificação mecanizada, enfeitada com uma espécie de auto-importância convulsiva. Pois, sobre o último estágio desse desenvolvimento cultural, talvez se pudesse afirmar: ‘Especialistas sem espírito, sensualistas sem coração; essa nulidade imagina teratingido um nível de civilização jamais alcançado’.”

Quero agradecer a Weber, cem anos depois, por traduzir o sentimento que o informacionalismo de Castells não conseguiu quebrar —mas, talvez, apenas disfarçar um pouco mais por detrás das telas de cristal líquido.

Tudo pela televisão

Um novo protocolo de comunicação que deve ser aprovado em outubro pela IEC (Comissão Internacional de Eletrotécnica) deve, finalmente, fazer com que o computador fale com todos os eletrodomésticos da casa. E o melhor —controlar tudo pela televisão.

Chamado Home Network Communication Protocol over IP for Multimedia Household Appliances (Protocolo IP de Comunicação de Rede Residencial para Eletrodomésticos Multimídia), o padrão IEC 62457 permitirá aos utensílios domésticos utilizar dados audiovisuais e de texto —e também que os equipamentos audiovisuais, por sua vez,
utilizem dados de utensílios domésticos. Será possível, por exemplo, receber um alerta na TV sobre o fim do ciclo de centrifugação, ou saber quando o microondas terminou de cozinhar o arroz.

Como adiantamos no dia 11/09, o vídeo de 1967 sobre o futuro do comércio eletrônico é só um de uma série. Outro deles mostra a cozinha do futuro —e gostaria aqui de dividir duas impressões sobre ele.

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