Por que o Limão pode dar certo (e por que não)

Estreou no início da semana a primeira boa aposta de um grande grupo de comunicação brasileiro em conteúdo colaborativo —o site Limão, do Grupo Estado. Mistura de rede social e wiki, o novo site tem boas sacadas de hiperlocalismo e abre o leque do portal do Estadão a retornar por cima na cena Web, já que tinha ficado para trás, ao menos em imagem no mercado, diante de Folha Online (que passou por recente reformulação) e do iniciante G1.

Naveguei um pouco pelo site, e eis que seguem, então, algumas primeiras impressões e boas razões pelas quais o site tem muito para dar certo. De quem, óbvio, viu o trabalho de fora (e espera ansioso por login e senha!):

  • Colaboração com contexto e hiperlocalismo: a idéia de conteúdo por cidades e bairros é ótima, e pode contribuir muito para devolver à geografia o status que a Internet aparentemente tinha eliminado —algo que começou meio sem cara em comunidades no Orkut, mas que se perderam com a “invasão” do site por spammers e toda a sorte de comentários fora de contexto
  • Boa concepção de projeto: com o Limão, o Estadão volta à cena da Internet brasileira, e alguns meses na frente da concorrência, que ainda é tímida (e pouco internética) na gestão de conteúdo colaborativo
  • Design moderno: isso realmente agradou. Principalmente porque elimina o ar “tiozão” que muito portal de Internet mantém, principalmente devido aos profissionais em posição de liderança, que ainda guardam mentalidade de papel
  • Multimídia: o projeto foi bastante feliz na disposição de conteúdo multimídia em uma mesma interface, reunindo texto, áudio e vídeos —a la Digg. Mas a produção de vídeos da redação ainda pode ser um pouco melhor
  • Desvinculação de marca: para atrair um público jovem, a marca Limão com certeza dá muito mais certo do que Estadão. Mais uma vez a fuga do espírito “tiozão”, e a diversificação de marcas, o que tende a render bons resultados em audiência com a captação de públicos diferenciados

Mesmo com suas virtudes, penso eu, o projeto tem alguns problemas e desafios já na estréia…

  • Arquitetura confusa: ainda me pareceu difícil distinguir o que é conteúdo de usuário e o que é conteúdo de jornalistas do Estadão. Claro, todos podem participar do mesmo cenário diante da mídia colaborativa, mas os caminhos não são tão simples na navegação
  • Navegação em Flash: aliás, por falar em navegação, a inspiração Mac é óbvia no menu. Legal, bonitinho como o Mac —mas nem sempre o bonitinho é tão mais funcional. Na maioria dos navegadores, o Flash exige um clique de ativação e só depois permite cliques internos. Com isso, o internauta fica a dois cliques de distância do menu, e não a um
  • Eles me fazem pensar: alguns nomes em menus e itens de navegação, apesar de “muderninhos”, não comunicam muito bem. O que é BDG? E Miniclip? E Coolnex? Ah… Com limão é de “comunidades”? Será? Ah, Wikisites, Pessoas… deve ser. Mas péra: tem outro cadastro aqui, será que é o mesmo de lá de cima? Hum… desisto
  • Usuário brasileiro: este talvez seja o maior desafio. Será que o usuário brasileiro é tão “ativo” e “independente” quanto o norte-americano, super-empolgado com a participação? Lembro da definição de um colega de trabalho: o usuário brasileiro é “gafanhoto”: invade um espaço virtual, apropria-se de forma descontrolada, da maneira que pode ou entende, e depois vai embora

De qualquer forma, os pontos positivos ainda são maiores que os negativos. E pelos dois vale a pena ficar com o radar ligado no Limão, para ver como se desenrola a cena colaborativa no jornalismo brasileiro.

E você? O que achou do Limão?

2 comentários sobre “Por que o Limão pode dar certo (e por que não)

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